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Por que não respeitamos a opinião contrária?

  • Foto do escritor: Jornal Esporte e Saúde
    Jornal Esporte e Saúde
  • 22 de out. de 2022
  • 3 min de leitura

O fato de eu ter uma opinião contrária a sua não me torna melhor ou pior do que você, apenas demonstra que pensamos diferente.


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Foto arte: Reprodução internet


Aparentemente, vivemos um período em que não respeitamos a opinião contrária. Ao que tudo indica, pensar diferente é motivo de raiva. Mas por qual razão não aceitamos a opinião contrária? Vivemos uma “era da intolerância"?


Já faz algum tempo que escrevo sobre Direito Penal, principalmente no que se refere a assuntos voltados para a Criminologia, o que gera" incômodo "em muitos que leem.


As pessoas, ao invés de demonstrar o seu inconformismo com o que escrito, passam a ofender diretamente quem escreve, sem nem mesmo conhecer o autor.


Um dia desses publiquei um texto que falava sobre os estudos da Criminologia e como são prejudiciais os rótulos impostos a quem é réu em um processo penal.


Nesse texto, trouxe algumas reflexões voltadas para o fato de que a partir do momento em que afirmamos que uma determinada pessoa é algo (bandido, traficante, assassino, assaltante, ...), incutimos nela essa" qualidade "e impedimos que ela seja outra coisa além disso.


O questionamento era mais ou menos assim: será que uma pessoa que é acusada de praticar um assalto é necessariamente um assaltante? Ou que aquele que é acusado de tráfico é um traficante?


Ele É um assaltante ou praticou um assalto? Pode parecer que não, mas isso faz toda a diferença.


Ao que tudo indica isso gerou uma revolta muito grande nos" leitores "(principalmente naqueles que só leram o título e não o conteúdo), os quais passaram a fazer as mais variadas ofensas pessoais a quem havia escrito o texto.


Com isso me veio o questionamento: a não concordância com o conteúdo do texto, com a opinião do outro, é motivo para ataques pessoais?


Ninguém é obrigado a concordar com nada, sendo direito individual acreditar e achar o que bem entender, mas isso não é uma autorização para fazer e falar o que quiser.

E mais, basta navegar por alguns minutos na internet para presenciar inúmeras e incontáveis cenas de intolerância, das mais variadas.


Inclusive aqui no JusBrasil! Por mais contraditório que seja, principalmente por se tratar de um portal jurídico, a intolerância e o preconceito reinam por essas terras.


Parece que a internet é terra sem lei e as pessoas se sentem mais encorajadas a falar aquilo que não falariam, por medo, pessoalmente.


Será que não é possível ter opiniões divergentes, sem que isso cause um problema entre as pessoas?


Se eu sou contrário a redução da menoridade penal, é porque eu nunca fui vitimado, violentado e etc e que, portanto, deveria passar por uma situação como essa para ver o que é bom e começar a pensar que os adolescentes devem ser presos.


Ou, então, tenho que pegar esse menor e levá-lo para casa, já que tenho tanta dó dele.

De outro lado, se falo sobre as drogas, sou um “Zé Droguinha” que só pensa em benefício próprio e que tá doido para sair por aí usando drogas.


Ou, então, tenho que ser vítima de um usuário de drogas para saber o quanto a droga é ruim para a sociedade.


Sem falar do rótulo de" esquerdista ". Todo texto ou notícia que versa sobre os direitos inerentes aos seres humanos é de autoria de um" esquerdista ".


Sem falar daqueles comentários em que a pessoa deseja que você ou um familiar seu seja vítima de um crime para aprender qual é o lugar e qual é o tratamento que deve ser dado a" bandido ".


E por aí vai.


Mas calma lá!


O fato de eu ter uma opinião contrária a sua não me torna melhor ou pior do que você, apenas demonstra que pensamos diferente.


E não é pelo fato de que estamos na internet que a educação e os bons costumes deixaram de ser necessários.


Será que pessoalmente essas ofensas seriam feitas da mesma forma?

Precisamos entender que são as discordâncias que fazem uma sociedade mais justa e igualitária, pois não há como se chegar a solução de um problema se não se discute sobre ele e sobre as suas consequências.


Em regra, o Direito é voltado para a discussão, para a defesa de teses, e, por isso, se não conseguirmos realizar simples debates de forma impessoal, temos que mudar de profissão/área de estudo.


Menos intolerância e mais respeito com a opinião contrária.


É dessa junção de ideias que surgirá uma sociedade melhor e não da disputa para saber quem está com a razão.


* Publicado por Pedro Magalhães Ganem / https://pedromaganem.jusbrasil.com.br/

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