Vítimas de suposto golpe, atletas surdos do Brasil podem ficar fora das Olimpíadas de Tóquio
- Jornal Esporte e Saúde

- 30 de jul.
- 3 min de leitura
Jogador de vôlei de BH e outros colegas compraram passagens aéreas em agência de turismo de Cabo Frio, que foi fechada em investigação por fraude

Gabriel Diniz, de 33 anos, está angustiado sem saber se vai poder disputar os Jogos
Foto: Videopress Produtora
Atletas da Confederação Brasileira de Desportos de Surdos (CBDS), entre eles um mineiro, foram surpreendidos com a possibilidade de não poderem mais disputar as Olimpíadas de Tóquio, previstas para o próximo mês de novembro. É que o grupo pode ter sido vítima de um golpe da agência em que compraram passagens aéreas.
Na semana passada, os competidores descobriram que a empresa, com sede em Cabro Frio, no Rio de Janeiro, foi fechada em uma ação conjunta do Procon-RJ, Polícia Civil e Ministério Público. Segundo as autoridades fluminenses, a agência é investigada por vários golpes praticados contra outros clientes. A empresa nega o crime.
Até a publicação desta reportagem, a confederação havia identificado 22 atletas lesados pela agência de turismo. “O prejuízo estimado até o momento é de cerca de R$ 160 mil. A confederação continua apurando e investigando se tem mais atletas prejudicados”, explicou Giselle Nascimento, assessora da presidência e de projetos da CBDS. Ainda segundo confederação, cerca de cinco atletas fizeram o pagamento por Pix à agência e o restante por cartão de crédito.
Jogador de vôlei da seleção masculina de surdos, Gabriel Diniz, de 33 anos, que é de Belo Horizonte, disse que a confederação da qual os atletas fazem parte não arca com todos os custos da viagem e que os competidores se juntaram para comprar de uma mesma agência as passagens de ida e volta ao Japão. "Cada um pagou da maneira como preferiu. Uns foram por Pix, outros por cartão de crédito ou débito e, no meu caso, o meu cunhado pagou pra mim no cartão dele", disse Gabriel em entrevista ao Super Notícia.
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Lucas Bonalume Vieira, de 37 anos, capitão da seleção brasileira de vôlei é morador de Novo Hamburgo no Rio Grande do Sul. Ele contou ter pagado com cartão de crédito a passagem e que descobriu por acaso que corre o risco de não conseguir mais viajar. "Fui conferir o código do voo, e a empresa aérea responsável disse que ele simplesmente não existia mais, ou seja, a agência chegou a fazer uma reserva e parece que quando recebeu o dinheiro, cancelou a passagem", afirmou em tom de indignação.
Os dois atletas fizeram boletim de ocorrência nas delegacias das cidades onde moram. Lucas tentou junto à empresa de cartão de crédito o cancelamento da compra. Já Gabriel pediu reembolso ao banco por onde o cunhado dele fez o pagamento.
Com sede em Belo Horizonte, a CBDS informou ao Super Notícia que tomou conhecimento do caso na quinta-feira (24/7). Segundo Giselle Nascimento, a confederação não tem verba suficiente para arcar com todos os custos de viagens dos atletas confederados. A entidade custeia geralmente a hospedagem e o café da manhã. As outras refeições, a passagem e outras taxas pagas ao Comitê Internacional de Esportes para Surdos (ICSD) têm que ser arcadas pelo competidores.
Ainda conforme Giselle, a CBDS é uma instituição sem fins lucrativos e que vive de doações e emendas parlamentares. “Nesse momento difícil, estamos em contato com nosso suporte jurídico, e fizemos um formulário para entender sobre esse contratempo que eles tiveram. Vamos dar todo apoio que eles precisarem, mas infelizmente não temos verba suficiente para ajudá-los a comprar as passagens para as Olimpíadas no Japão”, concluiu.
As próximas Surdolimpíadas de Verão, também conhecida como Olimpíadas para Surdos, serão realizadas em Tóquio no Japão, de 15 a 26 de novembro de 2025. Esta será a primeira vez que o país oriental sediará a competição, marcando o centenário do evento, que teve sua primeira edição em 1924.
As Surdolimpíadas são um evento multiesportivo internacional para atletas surdos, organizado pelo Comitê Internacional de Esportes para Surdos (ICSD). Os atletas devem ter uma perda auditiva mínima de 55 dB no ouvido melhor, sem aparelhos auditivos ou implantes cocleares, e devem ser registrados na Federação Nacional de Esportes para Surdos de seus países.
* https://www.otempo.com.br/Por Daniel Galera.
Observação: Guilherme Westrrman que jogou em Macaé também foi afetado pelo suposto golpe, e pode também ficar fora das Olimpíadas de Tóquio.
Assessoria de Macaé







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