Legalmente o trabalhador não pode ser demitido por manifestar preferência eleitoral
Foto arte: Reprodução internet
Emitir opinião política no ambiente de trabalho é um tema que tem sido discutido com mais frequência com aproximação do período eleitoral. É comum as pessoas desejarem expressar suas visões sobre os candidatos, debates e questões políticas em geral, até mesmo durante o expediente. Neste cenário, surge a dúvida: será que isso pode custar o emprego de alguém? A resposta é não. As liberdades de expressão e de orientação política são direitos fundamentais garantidos na Constituição Federal.
De acordo com a legislação brasileira, uma empresa não pode demitir um funcionário por sua posição política, pois isso configuraria discriminação. Tanto a Constituição quanto a Convenção 111 da Internacional do Trabalho estabelecem o livre exercício da cidadania e do voto direto e secreto. No entanto, vale destacar que há exceções. Se um colaborador demonstrar comportamento agressivo ou violento, com ofensas ou tratamento hostil com os colegas e empregador, isso pode configurar uma violação das normas de conduta no ambiente de trabalho.
As lideranças das empresas devem tomar medidas disciplinares como advertências, para evitar recorrências e preservar a harmonia e o profissionalismo no local de trabalho. Nesses casos, a demissão por justa causa só seria aplicável se houver testemunhas que comprovem o comportamento inadequado. Respeitar a livre opinião política é fundamental em todos os contextos, mas é importante fazê-lo de forma respeitosa e consciente no ambiente em que se está inserido, evitando conflitos desnecessários.
É permitido fazer propaganda eleitoral no trabalho?
De acordo com a nota técnica da Coordenadoria de Promoção da Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho (Coordigualdade), a veiculação de propaganda eleitoral em bens públicos ou privados é proibida. Portanto, dentro das empresas, não é permitida a distribuição ou exposição de material de campanha eleitoral, especialmente quando envolve a exigência de uso de vestimentas em referência a algum candidato.
E se a demissão por posicionamento político acontecer?
Se um funcionário for demitido por expressar sua opinião política, ele pode buscar recursos legais, alegando discriminação ou assédio eleitoral. Provar que a demissão foi motivada por questões políticas pode ser difícil, exigindo evidências sólidas como e-mails, mensagens ou testemunhos. Se a Justiça do Trabalho for acionada, a demissão pode ser revertida, mas a vítima nem sempre deseja retornar ao trabalho.
Se for reconhecido que a dispensa foi discriminatória, a vítima pode receber uma indenização. Juridicamente, ela pode solicitar tanto a reintegração ao emprego quanto uma compensação por danos morais e materiais. A lei prevê uma multa de até dez vezes o maior salário pago ao funcionário, aumentada em 50% em caso de reincidência.
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